Em 2012, a Avon passou por um episódio um tanto
desconfortante ao começar a divulgar em seus catálogos os livros evangélicos,
entre eles “A Estratégia” da Editora Central Gospel, cujo o dono é Silas
Malafaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Tudo se iniciou
quando um casal homossexual, Sérgio Viula, e seu namorado, Emanuel Façanha da
Silva, perceberam esses anúncios e decidiram se manifestar com a sede da
empresa brasileira, e posteriormente, como não obtiveram uma resposta, à sede
internacional. Eles alegam que a obra, escrita pelo pastor americano Louis
Sheldon, levanta a teoria de que os homossexuais estão fazendo um complô contra
a humanidade e comentam em entrevista para Carta Capital (2012) “Não são
somente obras devocionais ou de leitura budista, católica ou uma novena. Os
livros dele são de militância fundamentalista aberta, assim como seus programas
de televisão”. Seu argumento se baseou em um tratado de direitos humanos
emitido em 2011 pela Avon, comprometendo-se a não contribuir com qualquer tipo
de prática discriminatória.
Segundo
reportagem, pouco tempo depois, a empresa brasileira escreveu um comunicado em
sua página do Facebook, alegando que a “variedade de títulos comercializados
contempla a diversidade de estilos de vida, religião e filosofia presentes em
nosso País”. Complementou falando não ter a intenção de promover conteúdo
desrespeitoso aos direitos humanos.
Além
do envio da carta e de todas as reclamações recebidas pela empresa vindas de
outros membros do movimento LGBT, que apoiaram a “manifestação”, Emanuel, que
era considerado “Consultor Estrela”, pois vendia produtos em grande quantidade,
decidiu deixar a empresa. O fato acabou ganhando amplitude internacional.
A
Avon, como resposta, postou um comunicado no Twitter:
Silas Malafaia também
se manifestou por Twitter (Abaixo), e em nota divulgada em sua página, ironizou
a movimentação dos ativistas. “Esses gays estão dando um ‘tiro no pé’, estão me
promovendo com uma tamanha grandeza que nunca pensei de ser tão citado e até
defendido por jornalistas como, por exemplo, Reinaldo Azevedo”, escreveu.
Também incentivou os fiéis a mandarem e-mails para a empresa, pedindo para os
livros continuarem no catálogo. “Nós, evangélicos, representamos pelo menos 30%
das vendas de produtos Avon. Os gays talvez 2%. Eles são tão abusados que
pensam que com ameaças vão nos calar”, concluiu.
Diante
do comunicado, Viula afirmou: “Malafaia é um extremista. Inclusive, outros
pastores não concordam com as atitudes dele. Dá para ser cristão sem ser
homofóbico, agora eu não sei como é possível ser homofóbico e cristão. Essas
são contradições que podem matar pessoas”.
Após
este incidente a Avon retirou de circulação os livros, o que evitou que sua
reputação fosse afetada de forma negativa, por promover algo que contradiz seus
próprios valores. Até que ponto utilizar a ética da convicção para favorecer
minha própria opinião? No caso de Silas Malafaia, ele tenta induzir para que o
pensamento dele seja um pensamento coletivo, sem se preocupar com quem irá atingir e como irá atingir.
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