sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Avon e seu posicionamento referente à homofobia

Em 2012, a Avon passou por um episódio um tanto desconfortante ao começar a divulgar em seus catálogos os livros evangélicos, entre eles “A Estratégia” da Editora Central Gospel, cujo o dono é Silas Malafaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Tudo se iniciou quando um casal homossexual, Sérgio Viula, e seu namorado, Emanuel Façanha da Silva, perceberam esses anúncios e decidiram se manifestar com a sede da empresa brasileira, e posteriormente, como não obtiveram uma resposta, à sede internacional. Eles alegam que a obra, escrita pelo pastor americano Louis Sheldon, levanta a teoria de que os homossexuais estão fazendo um complô contra a humanidade e comentam em entrevista para Carta Capital (2012) “Não são somente obras devocionais ou de leitura budista, católica ou uma novena. Os livros dele são de militância fundamentalista aberta, assim como seus programas de televisão”. Seu argumento se baseou em um tratado de direitos humanos emitido em 2011 pela Avon, comprometendo-se a não contribuir com qualquer tipo de prática discriminatória.
Segundo reportagem, pouco tempo depois, a empresa brasileira escreveu um comunicado em sua página do Facebook, alegando que a “variedade de títulos comercializados contempla a diversidade de estilos de vida, religião e filosofia presentes em nosso País”. Complementou falando não ter a intenção de promover conteúdo desrespeitoso aos direitos humanos.
Além do envio da carta e de todas as reclamações recebidas pela empresa vindas de outros membros do movimento LGBT, que apoiaram a “manifestação”, Emanuel, que era considerado “Consultor Estrela”, pois vendia produtos em grande quantidade, decidiu deixar a empresa. O fato acabou ganhando amplitude internacional.

A Avon, como resposta, postou um comunicado no Twitter:


           Silas Malafaia também se manifestou por Twitter (Abaixo), e em nota divulgada em sua página, ironizou a movimentação dos ativistas. “Esses gays estão dando um ‘tiro no pé’, estão me promovendo com uma tamanha grandeza que nunca pensei de ser tão citado e até defendido por jornalistas como, por exemplo, Reinaldo Azevedo”, escreveu. Também incentivou os fiéis a mandarem e-mails para a empresa, pedindo para os livros continuarem no catálogo. “Nós, evangélicos, representamos pelo menos 30% das vendas de produtos Avon. Os gays talvez 2%. Eles são tão abusados que pensam que com ameaças vão nos calar”, concluiu.



Diante do comunicado, Viula afirmou: “Malafaia é um extremista. Inclusive, outros pastores não concordam com as atitudes dele. Dá para ser cristão sem ser homofóbico, agora eu não sei como é possível ser homofóbico e cristão. Essas são contradições que podem matar pessoas”.
Após este incidente a Avon retirou de circulação os livros, o que evitou que sua reputação fosse afetada de forma negativa, por promover algo que contradiz seus próprios valores. Até que ponto utilizar a ética da convicção para favorecer minha própria opinião? No caso de Silas Malafaia, ele tenta induzir para que o pensamento dele seja um pensamento coletivo, sem se preocupar  com quem irá atingir e como irá atingir.

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