O sistema de cotas já está em vigor para vagas em universidades e institutos federais de ensino, e agora o Governo Federal também planeja estender sua política de cotas raciais, ao serviço público e incentivar a iniciativa privada a adotar cotas para negros. As empresas que aceitarem contratar negros para determinadas vagas, poderão ter compensação financeira.
Abaixo, está um vídeo disponível no youtube: “Cotas: essa conversa não é sobre você.”
Ao assistir esse vídeo, fica claro que ao olhar dos negros, o sistema de cotas é uma guerra por território. Note, no entanto, que ao final do vídeo, há um agradecimento ao Instituto Cultural Steve Biko, recebeu, em 1999, o “Prêmio Nacional de Direitos Humanos”. Ótimo, mas vamos olhar quem são os financiadores deste Instituto? Várias empresas capitalistas, entre elas, a Avon. E então, me pergunto: Será que o sistema de cotas é realmente uma ação desinteressada visando o bem dos afrodescendentes?
Vejam notícia publicada na Folha Online em 04/01/2001:
Classe média negra impulsiona a venda de produtos étnicos
Eles apresentam os piores indicadores sociais, seja em educação ou em salário, mas cada vez mais o mercado se prepara para melhor lhes atender. Negros e pardos, 45% da população brasileira, estão na mira de empresas que apostam em estratégias e novos produtos direcionados a eles.
A valorização do potencial de consumo dessa parcela da população vai na contramão das suas conquistas sociais. Segundo pesquisa da Fundação Seade, o rendimento médio mensal do homem negro é de R$ 639, enquanto o do branco é de R$ 1.236. Apesar da desigualdade, o mercado está atento à demanda crescente de uma classe média negra estimada em 8 milhões de pessoas, que gira US$ 50 bilhões anuais.
Já não é possível visitar uma das 7 mil lojas de cosméticos de São Paulo, entre perfumarias e farmácias, sem se deparar com produtos étnicos. Enquanto o segmento convencional de produtos para cabelos, de xampus a condicionadores, cresceu entre 6% e 11% no primeiro semestre de 2001 em relação a mesmo período do ano passado, as vendas de étnicos aumentaram 26%. Os cabelos crespos respondem por R$ 685 milhões em negócios anualmente, cerca de 20% do setor de cosméticos para cabelo em geral, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos.
Empresas como O Boticário, Avon, Estrela e agências como a DM9DDB investem tanto em produtos étnicos como no conceito de diversidade nos seus próprios quadros de funcionários para melhor atender e compreender o público-alvo. 'Não se trata só de atrair gente de diferentes tipos físicos, mas de valorizar talentos e experiências que, combinados, levam à excelência', diz o vice-presidente da DM9, Erg Ray. 'A propaganda descobriu, finalmente, que o Brasil tem vários tons', diz a atriz Isabel Fillardis, estrela da campanha de amamentação da Sociedade Brasileira de Pediatria.
(Gazeta Mercantil)
Ao ler essa notícia, tenho minhas dúvidas se esse investimento para que negros melhorem sua condição seja tão livre de interesses, afinal, se os negros já são os maiores consumidores, mesmo com uma renda baixa, quão vantajosa não é para as grandes empresas que eles cresçam na sociedade?
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